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Kalunga- O processo

 

Sob o signo da palavra Kalunga-de origem bantu,referente aos ancestrais, o mar, a morte, o mundo invisível e tudo que o homem não pode controlar. a obra parte de memórias coletivas e pessoais do corpo para reinterpretar rituais de morte do recôncavo baiano (Baba Egun e Irmandade da Boa Morte- situados na Ilha de Itaparica e em Cachoeira/BA).Após dois anos de imersão nas referidas comunidades, a performer procura uma zona transversal à sua biografia e outras histórias de resistência e morte.Neste segundo ciclo de danças que integra a série Gunga, recriam-se tais rituais a partir das memórias de uma periferia negra da maior cidade da América Latina. Explora-se a geografia afetiva do bairro de Perus a partir das memórias da greve que, durante a ditadura militar,faliu a Fabrica de Cimento que deu origem ao bairro.Data deste período também o cemitério clandestino que abrigou diversas vítimas do governo,e marcou a memória do bairro que, ainda hoje, sofre com o extermínio em massa de sua população, majoritariamente negra e pobre.Por entender que tal população repete a mesma condição de seus ancestrais- sejam eles os primeiros escravos a entrar no Brasil pela baía de Todos os Santos- BA,sejam os líderes da greve torturados por sua resistência, ou os presos políticos do Cemitério Clandestino- o projeto propõe unir polos distantes desta mesma história,afim de atualizar tradições e criar mitos contemporâneos,propondo uma grande ode à resistência,através do tempo,da morte,do mar.Norteado pela corporeidade expandida da artista, cria-se um território híbrido,a partir de estímulos múltiplos,instaura-se uma zona de nomadismo, que segue uma estrutura ritual onde o público é convidado a compartilhar da experiência histórica dessas comunidades através de suas mortes, no decorrer do trajeto. Entre instalação,videoarte,performance e fotografia delimita-se um lugar mítico e político, o exercício desta construção está em tomar os conceitos destes rituais de morte, não como objetos de pesquisa, mas como norteadores na construção de uma realidade espacial.Kalunga, propõe uma pesquisa de possibilidades de captura-se do que seria uma alma foucaultiana desta corporeidade ( desenvolvida historicamente a partir das praticas infligidas a ele), a partir de um suporte que se insere nesta tradição: o corpo da performer.

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