Sobre o sacrificio ritual

Ritual que encerra o ciclo Kalunga, Sobre o Sacrificio Ritual compreende uma performance ritual e dois video-ritos. A performance que abre a serie de ritos, também entitulada Sobre o Sacrificio Ritual, sugere investigar a composição do que seria a alma historia nacional a partir de um de seus símbolos culturais mais proeminentes : a Passista. Numa performance de genese deste corpo enquanto alegoria corporal, desprovido de face, investiga-se as tecnologias de morte e vida no processo de criação da identidade nacional. Os ritos seguintes são suas práticas extintas em suas culturas. O primeiro refere-se a prática iniciatica pós- escravidão de atravessar o mercado comprar algo e seguir sem olhar para trás . Este processo ocorria ao fim da iniciação de modo que a aquisição simbólica de algo no mercado, seria como o resgate de sua própria Alma. O rito seguinte refere-se a divinização dos reis de Uidá e Daomé. O tchiodohun, consiste em colocar o corpo do rei morto em umaa canoa que atravessa o rio que une o país dos vivos e o país dos mortos, afim de que ele adquira poderes sobrenaturais.

Sobre O Sacrificio Ritual- O Ritual

Sobre o Sacrifício Ritual foi construída a partir de uma imersão de longa duração no movimento social de povos de matriz africana e no processo seletivo de passistas da Vai-Vai em 2016. A performance questiona a construção da identidade nacional por meio do símbolo da passista e suas negociações entre a sociedade, o corpo da mulher negra, a espiritualidade e o Carnaval.

A obra ritualiza o nascimento do Bicho-Passista, um devir ético e estético dos processos abordados acima. O rito foi produzido com base no método N’gomku, técnica corporal criada pela performer após mais de uma década de prática em Butoh – dança que surgiu no Japão pós-guerra –, e baseada nas tradições de morte das comunidades do Baba Egun e da Irmandade da Boa Morte.